
ATLÉTICO: PAIXÃO ALVINEGRA EM TODO O TERRITÓRIO MUNDIAL
Morar fora de Minas Gerais e ainda conseguir acompanhar o time do coração seria difícil? O que fazem as pessoas que moram em outros estados e até países e são apaixonadas pelo Clube Atlético Mineiro? Quanto tempo eles demoram para reencontrar o time? E quando encontram, qual a reação?
Um grupo de torcedores criou os Consulados do Galo para reunir apaixonados ao redor do mundo. O termo "consulados" foi ouvido, pela primeira vez, em 2012, numa matéria da Revista Veja Rio, que colheu depoimento do Cariogalo e de outros 3 Consulados de outros times e fez a matéria "Consulados da Bola". A pauta travava justamente da parte territorial de um clube de fora da cidade de origem.

Logo dos Consulados do Galo
Assim, o projeto Consulados do Galo evoluiu naturalmente. Com o advento das redes sociais e o bom momento do time, especialmente a partir de 2012, os Atleticanos de Minas e os de fora do Estado sempre se encontravam durante os jogos mundo afora, trocavam mensagens entre si para saber onde e como ver o jogo do time em certa cidade.
Em 2014, surgiu a ideia de ter um padrão de divulgação dos locais de encontro, uns divulgariam os outros e ajudariam o máximo de Atleticanos a se reunirem. Mas foi a partir de 2015 que o projeto começou a ser executado, quando, em julho, seus fundadores começaram a mapear cada grupo manualmente. Com muito esforço e semanas de dedicação quase exclusiva, chegou se a conclusão que existiam 22 grupos de Atleticanos espalhados pelo mundo, todos passaram a se comunicar por meio de um grupo de whatsApp, criou-se as regras básicas de funcionamento e, enfim, em 13 de setembro de 2015 foi lançado oficialmente os Consulados do Galo.
“Certamente, do movimento dos Consulados, nasce uma mudança no comportamento do torcedor de futebol, mostra que é possível você fazer amigos, construir um ambiente agradável e alegre e vendo futebol, ao invés de fazer disso ser um motivo para brigas com o torcedor adversário.”
A América do Norte também é Galo
Nesse bate papo o torcedor e um dos fundadores dos Consulados do Galo, Fred Neumann, nos apresenta um Consulado que está bem longe do Brasil, mas que consegue manter a paixão pelo Galo e o calor do povo mineiro através de encontros, principalmente, para assistir aos jogos do Clube.

Galo Toronto - Consulado do Galo em Toronto, no Canadá
Como se tornar um Consulado do Galo?
Luciano "Muchacho", um dos componentes da diretoria dos Consulados e fundador da Galosampa, explica.
Quais os Consulados do Galo
No Brasil

No Mundo

Não importa onde, minha casa é o Galo
Além de Fred Neumann, Dayane Silva Viana que mora em São Paulo e Custódio Pereira Neto no Rio de Janeiro, contam algumas experiências, delícias e dores de morar longe, mas não tanto quanto Fred, do time do coração.
“Na selva de pedra é muito trabalho e pouco tempo. Reunir a turma para um evento atleticano é umas das coisas mais gratificantes que faço.”
São Paulo - SP
Dayane Silva Viana tem 32 anos. É Tenente Enfermeira do Exército Brasileiro e serve no Hospital Militar de São Paulo. Ela é mineira, de Januária, e vive há 10 anos na terra da garoa. “Tento ao máximo dedicar aos dois (trabalho e o amor pelo clube do coração), uma das coisas mais difíceis de explicar é essa paixão enlouquecida pelo Galo. Minha rotina como oficial do Exército Brasileiro tem me impossibilitado de acompanhar os jogos com a turma (Galosampa), tento compensar nos finais de semana, ver o Galo jogar em São Paulo é mais que disciplina”, conta.
Galosampa é o nome do Consulado do Galo em São Paulo. Atleticanos que passam pela cidade ou vivem lá sempre se encontram no Bar do Parque, que é o point oficial da torcida. “Na selva de pedra é muito trabalho e pouco tempo. Reunir a turma para um evento atleticano é umas das coisas mais gratificantes que faço.” Os consulados têm uma importância fundamental para quem vive fora de BH e Dayane garante: “É demais o acolhimento do irmão alvinegro em qualquer canto do mundo”.

Galosampa- Consulado do Galo em São Paulo
A atleticana conta que uma das maiores lembranças que tem é de uma viagem que fez justamente para acompanhar o clube. “Fui apoiar o Galo no último jogo antes do mundial. Meu vôo para São Paulo saiu uma hora antes do time que faria uma escala aqui. Esperei no desembarque para vê-los de pertinho... saíram em duplas Tardelli, Ronaldinho, Luan, Victor, Jô, Bernard e os demais. Caramba, não consegui mover as pernas, levantar o braço para acenar, fiquei imóvel”, recorda. Por conta do choque, não conseguiu tirar uma foto sequer, mas a memória está viva na cabeça e será guardada para sempre.
Rio de Janeiro - RJ
A relação do advogado Custódio Pereira Neto, 36 anos, com o clube de futebol é movida pela paixão e são vários momentos marcantes que ficam registrados. “Mas penso que dificilmente o torcedor atleticano viverá, mesmo daqui a muitos anos, a emoção de uma conquista tão épica como foi todo o enredo em torno do título da Libertadores 2013”, lembra.
O caminho até o título começou com um quase rebaixamento no Campeonato Brasileiro de 2011 com direito a uma derrota histórica ao final dele. Em 2012, Ronaldinho Gaúcho foi contratado pelo Atlético e conduziu o time a um vice-campeonato e a um 2013 histórico, de jogos marcantes. “A invasão da torcida a Sarandi, a água de Ronaldinho para Rogério Ceni, pênalti defendido contra o Tijuana, refletor do estádio apagado, reversão de dois placares adversos que, somados e projetados no tempo, seguramente são e serão eternamente lembrados pelos torcedores como algo de mais marcante de quem viveu aquele momento”, conta.
Custódio é o presidente do Consulado Cariogalo, no Rio de Janeiro. Conta que tudo começou em 2006 com o objetivo de reunir torcedores atleticanos para verem jogos do clube do coração. Por todo o ambiente nele criado, ao longo de todos esses anos o local se tornou um espaço para reunir amigos. Das muitas histórias em todos esses anos, Custódio cita a expressiva movimentação de dezenas de pessoas, se organizando e viajando juntos para a final do Mundial de Clubes da Fifa em 2013, em Marrocos. “Também teve o evento realizado em 2015, quando reunimos mais de 300 pessoas para ver dois filmes sobre o Atlético-MG, em um sábado de manhã, sem jogo de futebol, no cinema mais tradicional do Rio de Janeiro, o Cine Roxy, em Copacabana. Após o filme todos seguiram para um restaurante próximo e ficaram até a noite conversando e se divertindo”, lembra.

Cariogalo - Consulado do Galo no Rio de Janeiro
Sobre os consulados, Custódio afirma que “além de passar a ideia de ser um território do clube do coração fora do estado de origem, tira o estigma ruim, o lado pejorativo de que, toda reunião de grupos de torcedores é torcida organizada e de caráter violento.” Os consulados, é importante lembrar, são construídos em ambiente familiar e de amizades, fomentando a presença de mulheres e crianças, o que gera uma imagem positiva para a sociedade e os torcedores locais, deixando tudo mais leve, alegre. As pessoas se sentem à vontade para comparecer aos bares e encontros de torcedores. “Certamente, do movimento dos Consulados, nasce uma mudança no comportamento do torcedor de futebol, mostra que é possível você fazer amigos, construir um ambiente agradável e alegre e vendo futebol, ao invés de fazer disso ser um motivo para brigas com o torcedor adversário.”
"Reunimos mais de 300 pessoas para ver dois filmes sobre o Atlético-MG, em um sábado de manhã, sem jogo de futebol, no cinema mais tradicional do Rio de Janeiro”
Reencontrando o time em BH
Sempre acompanhando o time de longe, ao visitar Belo Horizonte uma parada é obrigatória: O Estádio Independência. Reencontrar o time, em casa, após algum tempo fora é emocionante. Mas imaginem que algumas pessoas saíram de BH antes mesmo de conhecer o Estádio.
A torcida atleticana é conhecida pela paixão incondicional. Estas histórias comprovam que nem mesmo a distância diminui o amor pelo Atlético . O Galo transforma corações, é responsável por muitos momentos de alegria, tristeza e nervosismo não só destes torcedores, mas de toda uma torcida unida pelas cores alvinegras da camisa. O mundo é pequeno para a grandiosidade do Atlético Mineiro.